Restauração ambiental não deve ser desculpa para degradação

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A restauração da ecologia vem se desenvolvendo, mas está longe de deixar os ambientes iguais ou melhores do que antes da degradação. "Qualquer floresta conservada vale mais do que uma restaurada", explica Efraim Rodrigues, Doutor pela Universidade de Harvard e professor da Universidade Estadual de Londrina. O pesquisador foi o convidado do último Café Científico da UFBA, em 17 de junho.

Blandina Felipe Viana, Pró-Reitora de Extensão, no abertura do Café Científico da UFBA. Foto: Allysson VianaNa Sala de Arte Cinema da UFBA, Blandina Felipe Viana, Pró-Reitora de Extensão da UFBA​, e Charbel El-Hani, coordenador do Café Científico e professor do Instituto de Biologia da UFBA, apresentaram Efraim Rodrigues e não deixaram de comentar o esvaziamento do Café Científico da UFBA, que costuma ter uma média de público de 100 pessoas por edição. O Movimento Passe Livre em Salvador, que levava na ocasião mais de 10 mil manifestantes às ruas, foi citado como um dos fatores. A situação não foi um problema para Rodrigues, que, em tom de brincadeira, disse: "não costumamos tomar café com 100 pessoas", em referência ao nome e ao modelo do evento.

Além da conferência, o pesquisador fez o lançamento do seu livro Ecologia da Restauração, que demorou 12 anos para ser escrito. Efraim Rodrigues ficou feliz pela coincidência, pois, caso o encontro não fosse adiado para duas semanas depois do que estava programando, a obra seria apenas um projeto ainda não lançado. Vislumbrando um público de diversas áreas de conhecimento com interesse em questões ambientais, a palestra não tratou o assunto de modo tão específico e teórico. "Eu vim contar história de restaurações", esclareceu o autor.

Efraim Rodrigues no Café Científico da UFBA. Foto: Allysson Viana

Ao todo, foram seis histórias de restauração em lugares como Níger e China, além de Índia e Brasil, com dois contos de cada país. ​A primeira história foi a da recuperação vegetal na Floresta da Tijuca, realizada por Dom Pedro II em 1861. O último monarca brasileiro queria melhorar a água do Rio de Janeiro, embora pouca coisa tenha sido de fato restaurada. A África, através do Níger, foi o segundo exemplo. O país, constitucionalmente, dizia que as árvores eram de propriedade do Estado, fazendo com que a população não plantasse. Após a mudança na lei, um grupo resolveu adquirir terrenos degradados, restaurá-los, vendê-los e depois começar tudo de novo. Esse ciclo criou um dos únicos projetos de restauração visível por satélite, segundo Efraim Rodrigues.

A outra história veio de uma única pessoa na Índia. O cidadão pediu ajuda ao governo para a restauração de um terreno e recebeu uma resposta negativa. Os governantes o mandaram plantar bambu. Apesar de o conselho ser ruim para o solo, foi o que fez. Após perceber que a ação não estava dando certo, realizou várias experiências ao longo da década. Quando a restauração estava sendo feita de modo correto, o projeto acabou após ser destruído por elefantes, algo que não achou ruim, afinal, aquilo era algo natural.

A restauração da ecologia vem se desenvolvendo, mas está longe de deixar os ambientes iguais ou melhores do que antes da degradação. "Qualquer floresta conservada vale mais do que uma restaurada", explica Efraim Rodrigues, Doutor pela Universidade de Harvard e professor da Universidade Estadual de Londrina. O pesquisador foi o convidado do último Café Científico da UFBA, em 17 de junho.  Na Sala de Arte Cinema da UFBA, Blandina Felipe Viana, Pró-Reitora de Extensão da UFBA​, e Charbel El-Hani, coordenador do Café Científico e professor do Instituto de Biologia da UFBA, apresentaram Efraim Rodrigues e não deixaram de comentar o esvaziamento do Café Científico da UFBA, que costuma ter uma média de público de 100 pessoas por edição. O Movimento Passe Livre em Salvador, que levava na ocasião mais de 10 mil manifestantes às ruas, foi citado como um dos fatores. A situação não foi um problema para Rodrigues, que, em tom de brincadeira, disse: "não costumamos tomar café com 100 pessoas", em referência ao nome e ao modelo do evento.  Além da conferência, o pesquisador fez o lançamento do seu livro Ecologia da Restauração, que demorou 12 anos para ser escrito. Efraim Rodrigues ficou feliz pela coincidência, pois, caso o encontro não fosse adiado para duas semanas depois do que estava programando, a obra seria apenas um projeto ainda não lançado. Vislumbrando um público de diversas áreas de conhecimento com interesse em questões ambientais, a palestra não tratou o assunto de modo tão específico e teórico. "Eu vim contar história de restaurações", esclareceu o autor.    Ao todo, foram seis histórias de restauração em lugares como Níger e China, além de Índia e Brasil, com dois contos de cada país. ​A primeira história foi a da recuperação vegetal na Floresta da Tijuca, realizada por Dom Pedro II em 1861. O último monarca brasileiro queria melhorar a água do Rio de Janeiro, embora pouca coisa tenha sido de fato restaurada. A África, através do Níger, foi o segundo exemplo. O país, constitucionalmente, dizia que as árvores eram de propriedade do Estado, fazendo com que a população não plantasse. Após a mudança na lei, um grupo resolveu adquirir terrenos degradados, restaurá-los, vendê-los e depois começar tudo de novo. Esse ciclo criou um dos únicos projetos de restauração visível por satélite, segundo Efraim Rodrigues.  A outra história veio de uma única pessoa na Índia. O cidadão pediu ajuda ao governo para a restauração de um terreno e recebeu uma resposta negativa. Os governantes o mandaram plantar bambu. Apesar de o conselho ser ruim para o solo, foi o que fez. Após perceber que a ação não estava dando certo, realizou várias experiências ao longo da década. Quando a restauração estava sendo feita de modo correto, o projeto acabou após ser destruído por elefantes, algo que não achou ruim, afinal, aquilo era algo natural.  Na China, objetivando a obstrução do caminho da água em uma fazenda desertificada, um grupo de pessoas começou a colocar capim no terreno. A outra história da Índia é sobre o plantio de centena de milhares de árvores feito próximo ao mar em apenas 24 horas. A vila foi atingida anos depois pelo Tsunami de 2004, que devastou diversas cidades banhadas pelo Oceano Índico, porém, as árvores plantadas diminuíram a destruição do local. Por fim, Efraim Rodrigues falou sobre o solo amazônico, especialmente o conhecido como "terra preta de índio", que continua fértil mesmo a matéria orgânica tendo sido colocada há mais de mil anos. O pesquisador explicou que uma matéria orgânica na Amazônia duraria menos de um ano, nas condições atuais.  ​Durante a palestra “Ecologia da Restauração, a restauração da ecologia?"​, Rodrigues frisou que o avanço da restauração ambiental não exclui os atos de preservação e conservação. "Não conseguimos consertar e deixar como estava. Os estudos e as ações de restauração não devem ser uma desculpa para a degradação", decreta o pesquisador.  ​A ecologia da restauração é o campo científico que trata, na prática, da recuperação ambiental, tornando possíveis as condições originais da flora, fauna, solo e clima. Segundo Rodrigues, a preservação é imprescindível porque uma recuperação de ecossistema leva no mínimo 15 anos para ser feita, sendo necessário um estudo das áreas para se saber quais espécies existiam no local.Na China, objetivando a obstrução do caminho da água em uma fazenda desertificada, um grupo de pessoas começou a colocar capim no terreno. A outra história da Índia é sobre o plantio de centena de milhares de árvores feito próximo ao mar em apenas 24 horas. A vila foi atingida anos depois pelo Tsunami de 2004, que devastou diversas cidades banhadas pelo Oceano Índico, porém, as árvores plantadas diminuíram a destruição do local. Por fim, Efraim Rodrigues falou sobre o solo amazônico, especialmente o conhecido como "terra preta de índio", que continua fértil mesmo a matéria orgânica tendo sido colocada há mais de mil anos. O pesquisador explicou que uma matéria orgânica na Amazônia duraria menos de um ano, nas condições atuais.

​Durante a palestra “Ecologia da Restauração, a restauração da ecologia?"​, Rodrigues frisou que o avanço da restauração ambiental não exclui os atos de preservação e conservação. "Não conseguimos consertar e deixar como estava. Os estudos e as ações de restauração não devem ser uma desculpa para a degradação", decreta o pesquisador.

​A ecologia da restauração é o campo científico que trata, na prática, da recuperação ambiental, tornando possíveis as condições originais da flora, fauna, solo e clima. Segundo Rodrigues, a preservação é imprescindível porque uma recuperação de ecossistema leva no mínimo 15 anos para ser feita, sendo necessário um estudo das áreas para se saber quais espécies existiam no local.

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